domingo, 30 de setembro de 2012

I wish I wasn't your mother


Dia desses, quando estava na Biblioteca Central de Watford procurando por um livro que tivesse significado na minha vida atual, bati os olhos na obra de estreia de Carole Patti Clarke e tive certeza de que tinha encontrado a leitura que precisava naquele momento.
Mas eu não consegui passar das primeiras páginas.
O título (I wish you weren't my Mummy) era tão forte e doloroso quanto a estória (supostamente baseada em fatos verídicos) de Lorne - uma menina que teve uma infância de maus tratos num remoto vilarejo da Inglaterra, durante a década de 60.
O sumário soava tragicamente familiar.
De natureza dócil e imaginativa, Lorne era filha de um irlandês e uma indiana que cresceu sofrendo os abusos da mãe, até conseguir escapar do jugo materno e das quatro paredes do lar violento e da mistura cultural-religiosa insuportável.
Eu retornei o livro à biblioteca logo depois de pegá-lo emprestado, sem ter, de fato, começado a leitura.
Mas estava tão obscecada por ele que acabei comprando uma cópia só pra mim.
Só para poder passar a mão, quando me desse vontade, pelas páginas carregadas de um drama já tão experimentado e revivido.
Ou quando me batesse a culpa.

Não sei ao certo.
Só sei que é apenas isso o que tenho feito, porque ainda não tive coragem de mergulhar em sua narrativa triste e cheia de violência, e ele meio que se perdeu entre as montanhas de roupa do meu guarda-roupa.
Ainda não tive coragem de ouvir a voz de Lorne contando sua estória por uma boca que eu conheço há quase três anos.
Y., como eu queria que não tivesse sido a tua mãe!
Tu merecias alguém melhor.