segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A química da maternidade


No segundo grau, eu detestava química. Mais precisamente a química inorgânica.
Eu simplesmente não conseguia entender aquele monte de equações e nomenclaturas monstruosas como, por exemplo, a CNTP.
Mas a culpa não foi do meu professor que, por mais apaixonado que fosse pela disciplina em questão, não conseguiu me transmitir gosto nem entendimento sobre química e eu acabava decorando (ou colando) regras e fórmulas matemáticas para passar nas provas e me ver livre de pressão atmosférica, graus Kelvin e outros conceitos impermeáveis à minha mente de então.
E essa foi provavelmente a causa do meu dissabor pela matéria. É  muito difícil para qualquer adolescente de 15, 16 anos (com pouca ou nenhuma experiência real de vida) absorver ideias tão distantes do seu cotidiano como os termos isobárico ou adiabático.
Ainda hoje, vinte anos depois de finda minha educação secundária, preciso realizar um esforço intelectual extraordinário para imaginar o que aconteceria com o volume de uma substância em estado gasoso, se a pressão ou a temperatura do recipiente que a contém sofressem alguma variação. Eu só consigo fazer associações com o feijão que coloco na panela de pressão para virar nosso almoço. Basta usar muito calor e pouca água e me resta apenas comida congelada para alimentar minha família.
Outro exemplo em que as condições anormais de temperatura e pressão podem resultar em grandes prejuízos a um ou mais corpos é o casamento com filho (s).
Dois anos e meio criando uma menina longe de parentes e amigos, numa terra estranha e falando uma língua diferente da materna mudaram as variáveis da fórmula da mãe ideal.
Talvez se eu tivesse as oito horas requeridas de sono por noite; talvez se eu conseguisse tomar um banho morno e solitário diariamente; talvez se eu pudesse ler aquele livro juntando poeira na cabeceira da cama; talvez se eu morasse em outro lugar com outro clima; talvez se eu tivesse os amigos certos por perto; talvez se eu contassse com a ajuda da família ou apoio emocional do marido; talvez se a pressão de criar uma criança praticamente sozinha fosse menor e a depressiva temperatura da Inglaterra fosse maior...
Não, provavelmente seu seria a mesma mãe, histérica e impaciente.
Não importa se o pai da minha filha faz o que pode (dentro das limitações indianas em que está inserido) para tornar nossas vidas mais confortáveis. Não importa se recebo conselhos e mensagens de encorajamento à distância. Não importa se orgânica como a maternidade ou inorgânica como a escolar, a química não parece ser o meu forte.
E nas provas diárias dessa matéria, não tem como usar a cola.
 

Ode à culpa

Where do I take this pain of mine
I run but it stays right by my side

So tear me open and pour me out
There's things inside that scream and shout
And the pain still hates me
So hold me until it sleeps

Just like the curse, just like the stray
You feed it once and now it stays
Now it stays

So tear me open but beware
There's things inside without a care
And the dirt still stains me
So wash me until I'm clean

It grips you so hold me
It stains you so hold me
It hates you so hold me
It holds you so hold me
Until it sleeps

I don't want it, I don't want it, want it, want it, want it, want it, noo..


By Metallica