Andei desaparecida nas últimas semanas porque meu dia estava tendo mais do que 24 horas. Para os outros.
Além de mãe-e-dona-de-casa (a função de esposa passou a ser exercida uma única vez a cada sete dias, quando meu corpo está exausto e quase inerte na cama e minha mente não tem mais energia para inventar desculpas), tenho trabalhado cansavelmente como tradutora e revisora de filmes e séries de TV das 9 às 5. Mas das 9 da noite às 5 da manhã, quando minha filha finalmente me dá uma trégua para ser a profissional que eu costumava ser antes de ela surgir no meu mundo.
E por falar na gravidez, foi também por essa época a última vez que devo ter conseguido dormir por longas 8, 9, 10 horas, sem interrupção, choro de fome ou vontade de ir ao banheiro. Trinta e nove semanas e dezesseis meses depois (mas ainda com muito do peso ganho durante a gestação), minha vida está de pernas (gordas) para o ar.
Não sei se tenho o direito de reclamar. Sou duplamente afortunada porque tenho um marido que pode sustentar a família para que eu possa ficar em casa e cuidar de nossa filha e tenho um trabalho como freelancer que me dá muito prazer (às vezes mais do que o de esposa) e as condições de exercê-lo de casa para que eu possa cuidar da nossa filha. Só não tenho o tempo para fazer as duas coisas bem.
Passo as horas claras do dia limpando, cozinhando, aspirando, lavando, alimentando, dando banho, trocando fraldas, tirando cochilos depois do almoço e tentando não perder a paciência, a esportiva e a razão e gritar com os dois únicos membros da minha família neste continente. Já nas horas sem sol, fico sentada diante do meu computador tentando me concentrar no episódio à minha frente e procurando esquecer a culpa por não ter levado minha menina ao parque no primeiro dia sem chuva em semanas.
E o clima neste reino frio, cinzento, depressivo e cheio de bolor é realmente digno das tragédias de Shakespeare. Não sei se é pior tentar ser mais forte que a Natureza e desbravar os espaços abertos e melancólicos desta terra ou testemunhar a vitória final Dela sobre o Homem e ver colônias inteiras de fungos filamentosos se alastrando pelos espaços úmidos, quentes e internos da casa.
Melhor mergulhar nas obras de ficção que sou paga para assistir e traduzir e escapar um pouco da realidade. O problema é que elas têm se parecido tanto com a minha! Talvez eu esteja apenas trabalhando demais. Ou me identificando excessivamente com a personagem de Felicity Huffman (Lynette Scavo) em Desperate Housewives que, na temporada 7, aparece com mais um bebê para cuidar. (Quem consegue manter aquele corpo ou a sanidade ou tomar banho diariamente depois de cinco filhos?) Ou talvez eu ainda esteja muito impressionada com algumas falas de Tina Fey no filme Date Night (traduzido como Uma Noite Fora de Série), mas o fato é que na maior parte do tempo que dedico à minha família, tenho uma vontade (crescente e quase irresistível) de largar o que estou fazendo e sair correndo porta afora. E só voltar depois de uma semana...
Não sei quantas temporadas eu vou aguentar nesse papel de mãe-dona-de-casa-e-ocasionalmente-esposa desesperada e em extrema necessidade de tempo para si própria. Não para me empanturrar com risotto de cogumelos nem para ficar num quarto escuro de hotel, tomando um refrigerante dietético. Mas simplesmente para dormir umas 12 horas sem interrupção alguma. E colocar o banho em dia.
Além de mãe-e-dona-de-casa (a função de esposa passou a ser exercida uma única vez a cada sete dias, quando meu corpo está exausto e quase inerte na cama e minha mente não tem mais energia para inventar desculpas), tenho trabalhado cansavelmente como tradutora e revisora de filmes e séries de TV das 9 às 5. Mas das 9 da noite às 5 da manhã, quando minha filha finalmente me dá uma trégua para ser a profissional que eu costumava ser antes de ela surgir no meu mundo.
E por falar na gravidez, foi também por essa época a última vez que devo ter conseguido dormir por longas 8, 9, 10 horas, sem interrupção, choro de fome ou vontade de ir ao banheiro. Trinta e nove semanas e dezesseis meses depois (mas ainda com muito do peso ganho durante a gestação), minha vida está de pernas (gordas) para o ar.
Não sei se tenho o direito de reclamar. Sou duplamente afortunada porque tenho um marido que pode sustentar a família para que eu possa ficar em casa e cuidar de nossa filha e tenho um trabalho como freelancer que me dá muito prazer (às vezes mais do que o de esposa) e as condições de exercê-lo de casa para que eu possa cuidar da nossa filha. Só não tenho o tempo para fazer as duas coisas bem.
Passo as horas claras do dia limpando, cozinhando, aspirando, lavando, alimentando, dando banho, trocando fraldas, tirando cochilos depois do almoço e tentando não perder a paciência, a esportiva e a razão e gritar com os dois únicos membros da minha família neste continente. Já nas horas sem sol, fico sentada diante do meu computador tentando me concentrar no episódio à minha frente e procurando esquecer a culpa por não ter levado minha menina ao parque no primeiro dia sem chuva em semanas.
E o clima neste reino frio, cinzento, depressivo e cheio de bolor é realmente digno das tragédias de Shakespeare. Não sei se é pior tentar ser mais forte que a Natureza e desbravar os espaços abertos e melancólicos desta terra ou testemunhar a vitória final Dela sobre o Homem e ver colônias inteiras de fungos filamentosos se alastrando pelos espaços úmidos, quentes e internos da casa.
Melhor mergulhar nas obras de ficção que sou paga para assistir e traduzir e escapar um pouco da realidade. O problema é que elas têm se parecido tanto com a minha! Talvez eu esteja apenas trabalhando demais. Ou me identificando excessivamente com a personagem de Felicity Huffman (Lynette Scavo) em Desperate Housewives que, na temporada 7, aparece com mais um bebê para cuidar. (Quem consegue manter aquele corpo ou a sanidade ou tomar banho diariamente depois de cinco filhos?) Ou talvez eu ainda esteja muito impressionada com algumas falas de Tina Fey no filme Date Night (traduzido como Uma Noite Fora de Série), mas o fato é que na maior parte do tempo que dedico à minha família, tenho uma vontade (crescente e quase irresistível) de largar o que estou fazendo e sair correndo porta afora. E só voltar depois de uma semana...
Não sei quantas temporadas eu vou aguentar nesse papel de mãe-dona-de-casa-e-ocasionalmente-esposa desesperada e em extrema necessidade de tempo para si própria. Não para me empanturrar com risotto de cogumelos nem para ficar num quarto escuro de hotel, tomando um refrigerante dietético. Mas simplesmente para dormir umas 12 horas sem interrupção alguma. E colocar o banho em dia.
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