quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Olho do Céu

Para algumas mulheres, a vida realmente começa depois que elas arranjam um emprego, deixam a casa dos pais (ou do ex-marido!) e passam a ter plena liberdade para viver da maneira como desejam, não importa a idade. Outras são levadas a acreditar que é a partir dos 40 e poucos anos (quando as inibições e inseguranças da juventude foram vencidas, os filhos já estão grandinhos e elas têm mais tempo para si mesmas) que podem usufruir das próximas quatro décadas à sua frente (ou mais!).

Mas há ainda as mulheres que apostam todas suas fichas no matrimônio. Aquelas que sonham com vestido de noiva, madrinhas, lista de convidados, e passam anos à procura do homem certo para iniciar uma vida a dois. Me lembram um pouco das personagens de Kate Hudson (Liv) e Anne Hathaway (Emma) em Noivas em Guerra (Bride Wars) de 2009, ao se sentarem diante da ilustre planejadora de casamentos Marion St. Claire (interpretada por Candice Bergen) e ouvirem que estavam mortas até aquele instante, que suas vidas só começariam depois de trocarem alianças e alcançarem o status de "mulheres casadas".

Não importa muito em que categoria nos identificamos, o fato é que o sexo feminino tem, culturalmente, esperado por um agente externo para desencadear seu processo de auto-descobrimento e diferenciação.

Eu esperei por 34 anos e alguns meses para experienciar um renascimento, quando todo meu universo emocional, físico e psicológico estava num estado quente e denso até haver um grande rompimento incisivo na região do ventre e a minha vida recomeçar com um estrondoso choro de bebê.

Mas o início do meu Big Bang Materno foi bastante turbulento devido aos inúmeros aglomerados de emoções contraditórias que giravam em torno do meu átomo primordial. Agora, dois anos depois da grande explosão e com os principais problemas se aproximando de seus desvios para o vermelho, sinto que meu universo se resfriou e consigo vislumbrar a maravilha desta crição.

Agora que minha menina já é capaz de se comunicar com muitos olhares, sorrisos, gestos e algumas palavras, me dou conta de que minha vida estava incompleta sem a dela e que milhões de galáxias inexploradas de sentimentos nasceram junto com ela.

Minha filha não criou meu universo, mas o está expandindo em todas as direções, nos momentos em que ela, por exemplo, vê a lua cheia e redonda no céu escuro e diz: "Olho!" Aos poucos, ela vai me ensinando a perceber o mesmo mundo que eu pensava conhecer há mais de 36 anos através de seus imensos e inocentes olhos castanhos!

E, como um pequeno sistema solar recentemente formado, sou eu que giro em torno desse corpo cheio de energia.

E nas palavras de Adriana Calcanhoto: 
Eu não existo longe de você

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei! Eunara

Anônimo disse...

Lindo! A maternidade pra mim também é isso, expansão de nossos horizontes em todos os sentidos.
Ti voglio bene!
Aline

Ana Dos Santos disse...

essa é a música de todas as mães!