sexta-feira, 13 de julho de 2012

Alguns dias são melhores que outros

Paul David Hewson conheceu Alison Stewart aos quinze anos, em Dublin, 1975, e os dois acabaram se casando sete anos mais tarde.
Três décadas depois e quatro filhos em comum, os dois continuam juntos. Mas, certamente, durante todo esse tempo e com uma família tão numerosa, Bono deve ter entendido que alguns dias são melhores que outros.

Some days take less, but most days take more
Some slip through your fingers and onto the floor
Some days you're quick, but most days you're speedy
Some days you use more force than is necessary
Some days just drop in on us
Some days are better than others
Some days you wake up with her complaining
Some sunny days you wish it was raining
Some days are sulky, some days have a grin
Some days have bouncers and won't let you in
Some days are honest, some days are not
Some days you're thankful for what you've got
Some days you wake up in the army
And some days it's the enemy
Some days are work, most days you're lazy
Some days you feel like a bit of a baby
Lookin' for Jesus and His mother
Some days are better than others
Some days you feel ahead
You're making sense of what she said
Some days are better than others
Some days you hear a voice
Taking you to another place
Some days are better than others

Eu só tenho uma menina e meu casamento recém fechou seu terceiro ano, mas eu também sei o quê o humor flutuante de uma criança pode fazer nas vinte e quatro horas do meu dia.
Quando ela faz manha para tirar o pijama e colocar uma roupa assim que acorda; ou a mesma pirraça para escovar os dentes de manhã e à noite; quando chora para pentear o cabelo;  quando abre um berreiro para não tomar banho e, depois, outro para não sair dele; quando tenho que ir atrás dela com uma colher cheia de comida, implorar para ela comer alguma coisa e ameaçá-la de não dar a mamadeira naquela noite; ou quando tenho que ser firme, ouvir uma choradeira e dizer que o chocolate acabou; quando ela pinta as paredes da casa que alugamos ou entope os brinquedos com massinha de modelar; quando ela não consegue e também não me deixa dormir à noite nem no meio da tarde.
É claro que tenho dias melhores que outros e, em muitos, sou extremamente grata por ter na minha vida um ser tão cheio de amor, curiosidade, inteligência, energia e de uma lógica infantil maravilhosamente singular.
Mas, nos outros, eu peço que eles terminem bem rápido, porque me sinto um pouco como um bebê, procurando pelo consolo de Jesus e da Virgem Maria.

A little splash of happiness

Estávamos todos no carro, a caminho de Harrow, e o sol parecia um pouco acanhado, mesmo num agradável e ensolarado fim de tarde de junho. Minha filha, na sua maravilhosa confusão linguística e sempre muito conversadora, disse do seu assento no banco de trás do carro que o "sol play hide and seek co' nuvem." Ou seja, o sol estava brincando de esconde-esconde com os imensos conjuntos de partículas de água suspensos no céu de Hertfordshire.
E este foi um breve momento feliz que eu tive naquele dia; um curtíssimo período no espaço e no tempo em que sorri para mim mesma cheia de um contentamento passageiro.
Pois assim parece ser a mais real e tangível noção de felicidade que podemos ter: a de uma sensação boa mas extremamente fugaz. Ou, nas palavras da escritora escocesa Isla Dewar em seu livro "The Consequences of Marriage": um pequeno respingo.
E um respingo geralmente sentido enquanto fazemos algo que gostamos.
Como tomar um banho morno no final de um dia cansativo; comer um pedaço de pão quentinho com uma generosa porção de manteiga derretendo; dividir a cama de casal com a filha, tirando um cochilo no meio da tarde; ficar mesmerizada com uma torrente de palavras em três idiomas dessa mesma menina; ter um vislumbre do céu azul e sentir o brando calor do sol na pele depois de várias semanas de tempo nublado; ouvir os pingos da chuva batendo na janela de casa; saborear chocolate e vinho tinto no café da manhã.
Sim, logo pela manhã, como fez e ponderou a respeito a personagem septuagenária da tal obra de Isla Dewar, Bibi Sanders, que levou uma vida difícil mas muito intensa. Segundo sua lógica de mulher sábia que teve cinco filhos e um casamento de 40 anos, se ambos fazem bem para a pressão sanguínea, por que limitar seu consumo só pela noite? Por que nos conter, nos restringir, nos aprazar?
Já que ser feliz se resume a apenas alguns respingos efêmeros numa longa jornada de 50, 60, 70 anos, vamos entornar um balde deles diariamente, fazendo o que nos enche de contentamento e nos coloca um largo e genuíno sorriso no rosto. Vamos brincar de esconde-esconde com nossas crianças e com o sol e com as nuvens e com o que mais elas descobrirem para nos encharcar de felicidade