sexta-feira, 13 de julho de 2012

A little splash of happiness

Estávamos todos no carro, a caminho de Harrow, e o sol parecia um pouco acanhado, mesmo num agradável e ensolarado fim de tarde de junho. Minha filha, na sua maravilhosa confusão linguística e sempre muito conversadora, disse do seu assento no banco de trás do carro que o "sol play hide and seek co' nuvem." Ou seja, o sol estava brincando de esconde-esconde com os imensos conjuntos de partículas de água suspensos no céu de Hertfordshire.
E este foi um breve momento feliz que eu tive naquele dia; um curtíssimo período no espaço e no tempo em que sorri para mim mesma cheia de um contentamento passageiro.
Pois assim parece ser a mais real e tangível noção de felicidade que podemos ter: a de uma sensação boa mas extremamente fugaz. Ou, nas palavras da escritora escocesa Isla Dewar em seu livro "The Consequences of Marriage": um pequeno respingo.
E um respingo geralmente sentido enquanto fazemos algo que gostamos.
Como tomar um banho morno no final de um dia cansativo; comer um pedaço de pão quentinho com uma generosa porção de manteiga derretendo; dividir a cama de casal com a filha, tirando um cochilo no meio da tarde; ficar mesmerizada com uma torrente de palavras em três idiomas dessa mesma menina; ter um vislumbre do céu azul e sentir o brando calor do sol na pele depois de várias semanas de tempo nublado; ouvir os pingos da chuva batendo na janela de casa; saborear chocolate e vinho tinto no café da manhã.
Sim, logo pela manhã, como fez e ponderou a respeito a personagem septuagenária da tal obra de Isla Dewar, Bibi Sanders, que levou uma vida difícil mas muito intensa. Segundo sua lógica de mulher sábia que teve cinco filhos e um casamento de 40 anos, se ambos fazem bem para a pressão sanguínea, por que limitar seu consumo só pela noite? Por que nos conter, nos restringir, nos aprazar?
Já que ser feliz se resume a apenas alguns respingos efêmeros numa longa jornada de 50, 60, 70 anos, vamos entornar um balde deles diariamente, fazendo o que nos enche de contentamento e nos coloca um largo e genuíno sorriso no rosto. Vamos brincar de esconde-esconde com nossas crianças e com o sol e com as nuvens e com o que mais elas descobrirem para nos encharcar de felicidade

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