Na mitologia hindu, Bhogavati é a capital subterrânea dos Nagas: uma espécie de tribo maligna do submundo "mahabharatano" que persegue todas as demais criaturas.
Confesso que ainda não li o tal épico (pois o texto tem mais de 74 mil versos), mas sempre que vou para a Índia visitar a família do meu marido, sinto que estou entrando nas páginas desse epopeia do hinduísmo.
Nem meus sogros estavam acordados para nos receber nesse canto do mundo...
Era o prelúdio do meu mitema pessoal, da minha titanomaquia cármica, da herculana colisão cultural, da guerra titânica entre mim o resto dos membros da família do meu marido.
Por vinte dias, vago como um fantasma pelos três andares marmóreos da casa de Subhash Nagar, esperando que minha pequena Orfeu, com seus risos de alegria e de celebração à vida, me guie pela trilha escura para fora do roto submundo sikh; e na esperança que, ao contrário do poeta da mitologia grega, ela não olhe para mim até ver a luz do sol e me condene, para sempre, ao Bhogavati.
Confesso que ainda não li o tal épico (pois o texto tem mais de 74 mil versos), mas sempre que vou para a Índia visitar a família do meu marido, sinto que estou entrando nas páginas desse epopeia do hinduísmo.
Ou nos mitos mais sinistros da Grécia Antiga...
Embarco no avião rumo a Nova Déli na escuridão da madrugada paulistana como um corpo quase-morto esperando pelo barco de Caronte às margens do Aqueronte, segurando um óbolo de mais de mil libras a fim de pagar a minha viagem e a da minha filha.
É uma passagem só de ida para não ter perigo de regressar e perturbar os vivos que ficaram do outro lado do finger da aeronave.
Durante o voo, sou apenas intestinos e seus dolorosos subprodutos, temendo e tremendo com cada minuto e cada milha que me aproxima do destino final.
Nem meus sogros estavam acordados para nos receber nesse canto do mundo...
Era o prelúdio do meu mitema pessoal, da minha titanomaquia cármica, da herculana colisão cultural, da guerra titânica entre mim o resto dos membros da família do meu marido.
Por vinte dias, vago como um fantasma pelos três andares marmóreos da casa de Subhash Nagar, esperando que minha pequena Orfeu, com seus risos de alegria e de celebração à vida, me guie pela trilha escura para fora do roto submundo sikh; e na esperança que, ao contrário do poeta da mitologia grega, ela não olhe para mim até ver a luz do sol e me condene, para sempre, ao Bhogavati.
Um comentário:
não preciso viajar muito pra bater de frente com a cultura dos meus sogros, duas pessoas do século passado que moram no interior do rio grande do sul...
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