quarta-feira, 14 de março de 2012

Genug ist genug!

A ideia foi inteiramente minha: colocar minha filha em aulas de natação antes mesmo que completasse 2 anos de idade, para que pudesse aprender a nadar desde cedo.
Nas primeiras doze semanas (ainda morando em High Wycombe), ela não parecia gostar muito de ficar de costas boiando com o apoio das mãos da mãe nem de bater os braços e as pernas como um cachorrinho, mas adorava as outras "brincadeiras" dentro d'água e já conseguia se segurar sozinha na beira da piscina. 
Então, vieram as intermináveis férias no Brasil e na Índia e, quando retomamos as aulas em Watford, duas semanas atrás, fiquei completamente desanimada com seu desempenho.
É certo que a turma atual é composta de crianças maiores e que o horário tem exigido energia de adulto para ela se manter acordada por tantas horas sem o habitual cochilo da tarde, mas minha pequena simplesmente não largou do pescoço do pai naqueles preciosos trinta minutos. Preciosos sem dúvida! Pagamos onze libras por meia hora de aula por semana! Tão preciosamente caras que acabei caindo na primeira armadilha da natação: a de fazer, mentalmente, as mesmas cobranças que eu tanto escutei na adolescência; a de esperar, inconscientemente, por resultados imediatos de uma menina que não nadava de maneira não-amadora há quase três meses; a de exigir, friamente, um retorno palpável e visível pelo nosso investimento financeiro.
Quanta crueldade com um serzinho de apenas dois anos e 4 meses! 
E, quando, finalmente, me dei conta - horrorizada - da pressão que já colocava nos diminutos ombros de minha filha, eu consegui relaxar os músculos da testa e sorrir para ela do banco que dividia com outros pais, tios e avós, cantarolando a estrofe de uma canção há muito esquecida do grupo alemão Die Fantastischen Vier: "Nein, nie wieder, niemals, niemehr"
Não posso repetir os erros da minha infância!!!
Foi quando pude, de fato, perceber um bebê no colo de sua mãe ao meu lado. Apesar da falta de cabelo, a menina não apresentava mais aquela aparência pouco-agradável dos recém-nascidos e tinha lindos olhos azuis e era tão pequenina e adorável que fiquei com uma vontade enorme, incomensurável de pedir para segurá-la... Só um pouquinho... Só para matar a saudade...
E quase acabei caindo na segunda armadilha da natação: a de querer, de forma inconsequente, ter outro filho; a de sonhar, impensadamente, com mais uma criança nos braços; a de imaginar, ingenuamente, que eu poderia passar por tudo isso de novo sem perder de vez a sanidade!
Não, dona Natureza, não me venha com outras artimanhas para perpetuar a espécie.
Pois vou gritar bem alto:
"Nein, nie wieder, niemals, niemehr. Ich sage nein. Genug ist genug!"

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