Não. Essa não foi a promessa mútua que fizemos no altar, diante de uma imagem melancólica e cabisbaixa de Jesus Cristo.
Pelo menos, não que eu tenha tido conhecimento, pois não passamos nem perto de uma igreja católica no dia do nosso casamento religioso.
Assim, se eu tiver consentido com qualquer coisa num idioma que não entendia foi a mais pura ignorância e o desejo iminente de tirar aqueles sininhos dos pulsos e mais de três quilos de tecido bordado do corpo.
Mas o que eu realmente ignorava era pra quem, de fato, esse prometimento formal é dirigido: para o fruto da união, a prole. O companheiro ou cônjuge pode entrar e sair das nossas vidas, mas filho é para sempre.
E ninguém nos avisa.
Nem o padre, nem o sacerdote sikh, nem nossos próprios pais (talvez por receio de que possamos mudar de ideia e enriquecer a indústria dos contraceptivos pelos próximos trinta anos), mas, ao colocarmos uma criança no mundo, também nos tornamos contraentes de um acordo consanguíneo que só se expira no momento que uma das partes deixar de existir.
É claro que o contrato nos reserva incontáveis horas de felicidade,
mas temos uma cota igualmente grande de preocupações, sacrifícios, angústias, medos, e nossas responsabilidades não terminam quando eles se formam, arrumam um emprego e saem de casa. Cada fase pela qual os filhos passam traz junto uma série de problemas, impressos numa fonte bem miudinha, de leitura difícil, no verso do documento. E não existe forma legal, natural ou moral de rescindir tal contrato de adesão.
Por isso, UMA só pra mim basta...
Para cuidar e confortar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença
até que a (minha) morte nos separe.
Porque a minha menina não pode me deixar antes!
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