sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O grande segredo

Esqueçam os livros. Esqueçam o doutor Rinaldo De Lamare ou a Encantadora de Bebês, Tracy Hogg. Esqueçam os sites especializados e os blogs amadores. Esqueçam esta postagem assim que terminarem de ler...

Porque não há “receitas de bolo”, não há “guias-passo-a-passo”, não há instruções online a serem seguidas, quando o assunto é maternidade.

Cada criança é tão diferente da outra quanto sua impressão digital.
Cada uma traz consigo uma bagagem genética única para enfrentar sua estada temporária num ambiente sócio-econômico-político-cultural-religioso-familiar também único.

Então, por que procurar as respostas dadas por outros bebês?

Como dizia minha mãe, não importa se o parto é normal, natural, orgásmico ou friamente planejado; quando os filhos colocam a cabeça pra fora das suas respectivas progenitoras e espiam o mundo exterior pela primeira vez, não carregam o “Pequeno Manual Secreto” (à prova de líquido amniótico) debaixo dos braços. Pelo menos a minha obstetra não me entregou nada no hospital, além dos honorários da equipe médica.

Por outro lado, não há dúvidas de que exista um tipo de chip interno desencadeando cada fase do desenvolvimento infantil e que os bebês passem por elas de maneira, mais ou menos, similar. A minha filha, por exemplo, começou, primeiro, a firmar a cabeça; depois a sentar; faz pouco tempo que engatinha e, agora, parece pronta para ficar de pé. Tudo isso sozinha e instintivamente, sem recorrer a um tutorial disponível na internet ou à ajuda de um baby personal trainer ou ainda à leitura de um exaustivo tratado de algum pediatra ou psicólogo especializado em crianças.

Assim, por que se preocupar se o peso ou a altura está um pouco acima ou abaixo da média para a idade x ou y? Ou se os primeiros dentes de leite nasceram um pouco antes ou depois do esperado? Ou se as quantidades de cálcio, ferro, vitaminas A, C, D, E, K ingeridas diariamente estão corretas?
O bom e observador pai sabe quando o filho está saudável ou não, independente dos números descritos nos livros. (Como será que as mães de antigamente sobreviviam – e suas proles – sem os conselhos do dr. De Lamare?)

Além disso, todos nós temos nosso próprio ritmo de aprendizado, nossas limitações e primazias: faz parte daquela mala de mão (com 23 combinações de cromossomos maternos e paternos) que trazemos conosco ao mundo.

Por isso, não há dicas prontas, rápidas e fáceis para se criar uma criança.

Na verdade, não há nada realmente fácil na maternidade e até mesmo uma cesariana com hora marcada oferece riscos de vida.

Mas há várias certezas.

Um delas é que, por causa da inexistência do Pequeno Manual Secreto, estamos fadados a cometer erros com nossos filhos, assim como nossos pais cometeram com a gente, e os nossos avós antes deles...
É parte inerente da função, ou missão, de conceber outro ser humano.

No entanto, e aqui está o grande mistério dessas criaturinhas choronas, mesmo sem o tal manual, cada bebê já possui as soluções para os seus problemas, codificadas numa língua desconhecida pelos progenitores.
Leva tempo e pode demorar vários e vários meses (possivelmente anos ou até décadas!), mas bastam atenção e toneladas de paciência (outra coisa que eles deveriam trazem junto, na hora do nascimento) para desvendá-la e aprendê-la.

Nenhum comentário: