É feito de farinha integral de trigo de grão duro (o mesmo usado para fazer a semolina para a pasta italiana), água e sal. É fino, redondo e achatado, parecido com uma panqueca, de diversos diâmetros, mas a principal fonte de carboidrato no norte e noroeste da Índia. É grelhado numa frigideira (tawa) sem óleo e, posteriormente, servido com a deliciosa e calórica manteiga clarificada (ghee) e consumido com vários tipos de lentilhas, feijões e legumes.
O pão indiano de cada dia é o chapatti. E, a partir dele e daqueles três ingredientes básicos, foi sendo criada uma variedade de outros pães, igualmente de forma achatada e arredondada.
O roti é feito quase da mesma maneira, mas com farinha de trigo branca. Uma variação é o rumali roti, trazido para a Índia pelos conquistadores Moghuls, e cujo nome, em urdu, significa lenço de bolso. Nada melhor para descrevê-lo, uma vez que esse pão assado em um forno de barro (chamado tandoor) é enorme e servido dobrado tantas vezes que poderia caber no bolso de um paletó.
A paratha (parantha ou ainda porotha) é frita e pode ser recheada com pequenos pedaços de batata cozida, rabanete, couve-flor ou paneer (um tipo de queijo ricota); ao contrário do chapatti, não é acompanhada de leguminosas, mas de alguma variedade de pickle apimentadíssimo (de manga, tomate...).
A kulcha é típica do estado de Punjab, também recheada com batata, mas assada no tandoor e feita com uma farinha de trigo super refinada (a maida flour) e servida com um molho de grão de bico (conhecido como chole ou chana masala).
Ainda mais comum com essa leguminosa é a bhatoora, e os dois juntos formam um clássico prato, criado nas ruas movimentadas de Nova Déli: o chole bhature. É feita com a farinha maida, iogurte, gordura e fermento, e frita em bastante óleo até inchar e parecer uma bola de futebol.
O naan pode ser considerado um parente do árabe pita e é o mais próximo do nosso conceito ocidental de pães, pois é amassado com fermento, colocado à parte para a massa crescer e, depois, assado. Servido ainda quente e com uma generosa porção de manteiga ou ghee e alho é de lamber os dedos. Isso, por sinal, é típico na cultura indiana. Mas dá para entender. Ainda mais se outras inúmeras delícias gastronômicas do sul daquele país, à base de arroz, também fossem nomeadas.
Com tantas variedades e sabores e temperos, era improvável que uma brasileira vegetariana não experimentasse e abusasse do que a culinária da Índia tinha a oferecer por longos 3 anos, 8 meses e 6 dias. Até que a curiosidade se transformasse em gula... Até que o segundo pecado capital do cristianismo levasse à destruição de 28 anos de um organismo acostumado apenas à sal e pimenta... Até que quele período de vício fosse punido e castigado pelas próprias divindades hindus e quase me levasse à condenação... Até que eu fosse obrigada a comer o chapatti que o Diabo tinha amassado, para redimir meus pecados.