O "Wife Swap" é um reality show independente da TV inglesa que foi ao ar, pela primeira vez, em 2003. Um ano depois, já contava com uma versão americana e hoje é produzido em outros oito países, incluindo a Suécia e a Dinamarca. Recebeu um prêmio Bafta (British Academy of Films and Television Arts), mas parece ter esgotado a paciência (ou o orçamento) dos telespectadores do Channel 4 do Reino Unido que, desde novembro de 2009, não está mais produzindo novos episódios.
Independente do índice de audiência atual, a ideia é simples e fascinante: trocar (swap) de lugar, de família, de marido, de filhos, de cidade por 10 dias. Ter a brevíssima oportunidade de viver uma vida que não foi escolhida por nós nem imposta pelas circunstâncias. Ter permissão legal (provavelmente há algum tipo de contrato com a emissora) de ser outra faceta de si mesmo num contexto diferente.
De maneira geral, os participantes retornam para suas casas emocionalmente exaustos com a experiência, mas convictos de possuírem a família menos problemática do show; felizes por terem conquistado um grande prêmio na loteria da vida! Até que a poeira baixa, a excitação passa e as coisas retomam seu curso normal e rotineiro...
Não fui aquela adolescente que sonhava com véu, grinalda e as qualidades do marido, nem planejava o nome dos filhos e a mobília da sala de jantar. Não fui criada para ser mãe, esposa e dona-de-casa, mas num piscar de olhos me vi submersa na maternidade e num casamento intercultural complicado, vendo as horas dos meus dias serem preenchidas com tarefas enfadonhas e pouco relevantes. Agora, uma terça-feira se parece tanto quanto um sábado, e acabo me esquecendo do dia do mês em que estamos.
É claro que minha Pequena me traz lampejos de alegria e satisfação que rasgam o céu da monotonia. É claro que sei que as noites (e os dias) sem sono, preparando mamadeiras, trocando fraldas e embalando-a para dormir vão diminuir, à medida que ela for crescendo e se tornando independente. É claro que sei que, eventualmente, vou voltar a ter tempo para me depilar e cortar o cabelo, mas há momentos em que a demanda por colo e atenção e a completa incompreensão da razão de ela estar chorando são tão insuportáveis que gostaria de participar do reality show, não por longos 10 dias nem para trocar de família. Gostaria apenas de poder viver, por algumas horas, a minha antiga vida de mulher solteira sem amarras, para, no final, voltar correndo para os braços da minha filha e do meu marido, com lágrimas nos olhos e a certeza no coração de que o MEU número também é premiado.
Até que a poeira baixa, a excitação passa e as coisas retomam seu curso normal e rotineiro...
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