A minha versão desse longa-metragem se parece mais com um noir de baixo orçamento da década de 40, com a minha sogra no papel de Dupree. É ela no sofá da nossa sala, no banheiro social, no canto da cozinha, no meio da nossa cama, roubando a cena e interferindo nas decisões mais básicas da nossa vida em comum: o que comer e o que não comer; o que vestir e o que não vestir; em quem acreditar e, fundamentalmente, como criar a nossa filha.
Ela já pairava como uma sombra sobre nós, muito antes de darmos as quatro voltas ao redor do livro sagrado dos Sikhs e sermos declarados marido e mulher. Enquanto eu estava sozinha e grávida de cinco meses em Bangalore, ela tinha chiliques e fazia chantagem emocional contra nosso casamento, num remoto mosteiro no norte da Índia. Agora, mesmo estando a mais de seis mil quilômetros de distância, ela questiona meus atos e liga diariamente para o filho, a fim de saber se eu cozinho comida indiana pra ele e como estou alimentando a neta dela.
O filme de Hollywood tem o esperado final feliz. O casal sai mais unido da situação e seu amor um pelo outro mais fortalecido. Dupree (depois de 36 anos, 9 meses e 23 dias) finalmente recebe o chamado da “Nave-Mãe” e inicia sua missão de comunicador à moda Lair Ribeiro, fazendo palestras e ajudando as pessoas a também encontrarem seu "lance" interior.
Já esta versão hindo- tupinanquim parece longe de terminar. E tenho medo que, ao retornarmos para a Índia, a sequência venha a se chamar “You, Me and Your entire Family”.
Para assistir ao trailer do filme que não foi feito, visite o site:
http://www.youtube.com/watch?v=LWynfsu87ag&feature=related