domingo, 23 de maio de 2010

There are wars that can’t be won

Acredito que a maioria das pessoas, quando se aproxima dos 18 anos, passa por um período de euforia e excitação; por aquela inocente fantasia de se tornar mais velho e independente com a simples adição de uma velinha às 17 já queimadas. Como se a maturidade viesse embrulhada num dos presentes de aniversário ou tivesse algo a ver com a idade arbitrariamente escolhida como maioridade pelos legisladores de um país.

Ela chega inevitavelmente atrasada, de última hora, depois do assoprar das velinhas. A primeira que bate à porta, no entanto, é a velhice.

Eu sabia que estava fora de forma. Minhas últimas semanas de gravidez e os seis primeiros meses de vida da minha filha foram muito cansativos, mas com pouca perda de calorias e nenhum exercício físico. Entretanto, só fui me dar conta do tamanho do estrago recentemente, ao levantar a Pequena do berço e quase cair por cima dela. Isso que ela ainda não pesa 6 quilos, mas eu há muito já passei dos meus vinte e poucos anos.

Era o som da campainha da porta da frente tocando.

E eu até que poderia ter pressentido sua chegada iminente. Os cabelos brancos cada vez mais visíveis e em lugares pouco esperados; a pele cada vez menos viçosa e elástica; as linhas do rosto cada vez mais profundas e evidentes; o mau jeito na lombar depois de meia hora na esteira da academia...

E, por falar nela, eu sou (literalmente) a mais nova frequentadora do Centro Esportivo de Gosford e Kidlington. Pelo menos, nas tardes ensolaradas de sábado e domingo, quando esta jovem mãe de meia-idade (sim, pois se as estatísticas em relação à expectativa de vida da brasileira estiverem certas e nenhum imprevisto acontecer, cheguei à metade da minha vida) arranja tempo para dividir os aparelhos de musculação com os aposentados de 65, 70 anos do vilarejo. Todos grisalhos, sem sinais de cirurgias plásticas ou Botox, mas usando tênis e trek suits da Nike e Adidas e com aquela experiente consciência de fazer da atividade física um meio para alcançar uma longevidade saudável. E aposto que é de um deles o adesivo de carro, estacionado perto da academia, em que se lê:
Eu ainda tenho as minhas dúvidas sobre isso. Sempre envolvida e agora casada com um homem cinco anos mais moço, eu precisaria conhecer a maturidade de perto para acreditar que um vinho envelhecido é mais saboroso que outro de uma safra jovem, com seu irresistível frescor frutado.

Mas tenho certeza de uma coisa: se o envelhecimento é, de fato, uma daquelas guerras que não se dá para vencer (como diz a canção do músico já em idade avançada Jon Bon Jovi), pode-se, pelo menos, perdê-la com dignidade e saúde.

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