sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ser mãe é padecer.

As mais experientes já conhecem o sentimento; as de primeira viagem no mundo da maternidade provavemente já devem estar começando a experimentá-lo; mas são poucas (e depois de vários anos de terapia) as que confessam em voz alta que nenhuma mãe ama seu(s) rebento(s) 24 horas por dia, 365 dias por ano.


E foi aliviada dessa culpa que assisti à mais recente comédia de Steve Carell e Tina Fey, Date Night, lançada no Brasil como ”Uma Noite fora de Série”.

O enredo soa bastante familiar para os casais com filho(s) pequeno(s) e muito próximos de uma crise conjugal: rotina, trabalho, falta de tempo, poucas horas de sono, mais rotina, encontros maçantes mas necessários com os amigos, os mesmos jantares a dois, um pouco mais de rotina e uma atividade sexual inversamente proporcional à energia da prole.

Mas, para mim, não é a cena do Twice a week (“Duas vezes por semana”, já disponível online) o ponto alto da película. Nada é mais catártico do que as confissões da personagem Claire Foster.

Aos 20 e poucos minutos de filme, sentada à mesa de um caríssimo restaurante de Manhattan, ela diz para o marido que trocaria a filha Charlotte para comer, pelo resto da vida, o delicioso risoto que ainda saboreava. Depois, meio que se desculpa por ter verbalizado um pensamento inconsciente e afirma que apenas achou que aquilo seria legal de se dizer...

Que atire a primeira mamadeira quem nunca teve semelhante ideia. Eu, por exemplo, sou louca pela minha, mas sinto que poderia trocá-la, de vez em quando, por um suprimento vitalício de pasta ao pesto, um bom merlot e uma porção generosa de tiramisu.

Já no final do filme, Claire admite que, naqueles dias bem ruins, tem vontade de desaparecer, de ficar sozinha num quarto silencioso de hotel, com ar-condionado e uma Sprite Diet. Eu só peço uma hora diária na esteira da academia, queimando calorias e as frustrações (que ninguém conta) de ser mãe.

Porque ser mãe é padecer, e ponto final. Nada de reticências nem falsas promessas.

É até possível rir, em alguns momentos, desse papel tragi-cômico que desempenhamos até nosso derradeiro dia como mães, mas não dá para prometer às mártires vida eterna no paraíso, na companhia de 70 garotões não-virgens com os peitorais de Mark Wahlberg.

Para assistir ao trailer do filme e enteder o comentário acima, visite o site:
 http://www.youtube.com/watch?v=uSV4Y2l7JQg

Um comentário:

Ana Dos Santos disse...

Que atire a primeira mamadeira!