Era 15 de dezembro de 2004.
Eu recém havia terminado, por e-mail, um relacionamento com um austríaco 8 anos mais moço, além de outros encontros sem muita importância com alguns indianos.
Por isso, estava sem muita vontade de sair.
Mas era o aniversário de um dos voluntários da ONG em que eu trabalha (FSL) e fomos a um clube noturno super badalado de Bangalore para comemorar.
Era comum encontrar outros estrangeiros nesses lugares. Incomum era ser abordada por um nativo de turbante, um Sikh.
Assim, não criei muitas fantasias quando ele pediu meu telefone. Não depois de ele ter passado quase duas horas falando de ex-namoradas e soar mais interessado em conhecer a FSL do que eu mesma. Na verdade, ele tinha enfatizado o quão solitário se sentia numa cidade estranha (era de Nova Déi e estava a pouco tempo em Bangalore) e como queria fazer novas amizades.
Saímos juntos todas as noites durante os nove dias seguintes e eu me sentia extremamente confortável na companhia dele, sem a pressão nem as expectativas de um relacionamento afetivo. Éramos simples amigos.
Até a véspera do Natal.
Depois de comermos a ceia na sede da ONG, fomos a outro clube noturno e a minha curiosidade em desvendar o que estava escondido debaixo daquele turbante transformou nossa amizade para sempre.
Fui ficando na Índia, começando a procurar emprego e um apartamento. E continuamos a sair juntos todas as noites seguintes àquele 24 de dezembro de 2004. Não mais como simples amigos, mas como um casal estranho que acabou se casando porque, ao contrário da ideia de Mário de Andrade, o meu Amar é um verbo transitivo e precisa de complemento.
E de um lindo predicado de imensos olhos castanhos.
Um comentário:
lindo!
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