sábado, 31 de julho de 2010

Socorro!

Cento e noventa, nove-um-um, nove-nove-nove.

Não importa o número de telefone de emergência
ou o país de onde se está ligando.

A polícia tem que ser avisada, chamada, comunicada, informada.

Qualquer uma: civil, militar, federal, rodoviária.

Não importa.

O importante é dar queixa de um desaparecimento.

Na verdade, de uma troca.
A menina de grandes olhos castanhos-esverdeados que acordou aos berros, no meio de uma madrugada, há cerca de três semanas, e que continua em nosso poder desde então, morando conosco, não é a minha filha.

Não é o bebê adorável que eu segurava nos braços e alimentava até aquela fatídica noite; que dormia tranquilamente por oito horas, sem dar trabalho, sem incomodar, sem fazer barulho e sem acordar os cachorros dos vizinhos. Até mesmo na minha barriga, durante o sétimo e oitavo meses, ela era consideravelmente quieta!

Não, a minha Pequena foi levada de nós e substituída por esse pequeno ser notívago, berrante e chorador; essa criatura rastejante que nos tira horas preciosas de sono e me impede de funcionar adequadamente durante o dia.

Ou isso ou os primeiros dentes estão despontando no horizonte gengival, o que seria um alívio para uma mãe que tinha orgulho de dizer que a filha dormia todas as noites, por volta das nove, depois de um banho de banheira, uma massagem a óleo e uma mamadeira com leite morno.

Mas tenho certeza de que, qualquer que seja a razão pra essa repentina e insuportável mudança de humor, alguém vai acabar chamando a polícia: ou os pais da criança ou um dos vizinhos irritado com a perturbação noturna.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Há malas que vêm de trem

Nos últimos quinze anos, aprendi (e também desaprendi rapidamente)
três línguas estrangeiras. E sempre achei que a prova mais importante e contundente para testar minha fluência era uma conversa ao telefone, porque não haveria possibilidade alguma de usar a linguagem corporal.


Até que precisei aprofundar meus conhecimentos de inglês e tive que estudar as expressões idiomáticas. E agora tenho certeza de que somente aqueles que as dominam tão bem quanto os nativos e as utilizam naturalmente no dia-a-dia podem se considerar fluentes.
Eles enriquecem, dão cor à língua.
Mas é um feito que pode levar muito tempo...

Por baixo, diz-se que há cerca de 25 mil delas entre os brits, yankees, aussies, kiwis e paddies. Assim, se alguém quiser entrar nessa maratona linguística, decorando uma média de 10 por dia, levaria quase sete anos para tê-las na “ponta da língua”. E aí está a beleza do português falado no Brasil. Não apenas temos nossa própria cota de expressões idiomáticas e ditados populares, como também a criatividade de fazer trocadilhos com eles.

Um exemplo seria o “há males que vêm para o bem” e seu correspondente em inglês “a blessing in disguise”. Tenho sérias dúvidas de que, algum dia, venha a ouvir ou ler um “pun” do tipo “a blessing in a halloween costume”, mas o que os brasileiros foram capazes de fazer com o provérbio citado acima é (infame, sim, mas) talvez único de nossa culttura.
A perversão traz conforto ao ouvinte, sem passar uma lição de moral maçante ou um ensinamento religioso inoportuno, que era a função original dessas máximas populares.

E foi exatamente alívio o que senti dois ou três dias depois de ter perdido minha primeira oportunidade no mundo editorial. Graças àquela recusa, fiquei livre para trabalhar em algo que sou muito mais apaixonada: na tradução de um filme. Na verdade, dos extras para o DVD da nova versão de Predadores.
Foi pertíssimo e ainda chego lá, porque “quem ri por último, ri melhor”.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Una Cabeza por uma Gaita de Foles

Ela tem o estilo literário que eu aprecio, adornando os acontecimentos mais banais do cotidiano de qualquer pessoa com um pouco de ironia e comicidade. Clare Dowling é uma irlandesa de 42 anos que atua dentro e fora dos palcos do seu país. Ela é atriz, dramaturga, escritora infantil e autora de vários best-sellers na Irlanda, entre eles “Just the three of us” que estou tentando ler há algumas semanas.


Não tem sido uma tarefa muito fácil com uma menina de 8 meses, um marido ocupado e uma casa de dois andares para cuidar, alimentar e limpar (não necessariamente nesta ordem). Às vezes, só tenho tempo para dar continuidade à minha leitura na privacidade do banheiro e considero uma conquista já ter conseguido ler um terço do livro.

Mas a mulher e mãe de duas crianças entenderia minha dificuldade.
Suas personagens femininas passam por situações semelhantes e, nesta obra em particilar, elas estão num triângulo amoroso nada convencional.

Debs não é a típica terceira ponta de um polígono afetivo.
Ela é uma balzaquiana bem acima do peso (“tem quadris tão largos quanto o guidão de uma bicicleta”, segundo palavras da própria Clare), sem carro, com um emprego insignificante e morando num apartamento alugado numa zona pouca nobre de Dublin. O romance começa de forma acidental e depois de muitos sanduíches de presunto e salada, consumidos num banco do parque próximo ao escritório de ambos.

O que me fascina, no entanto, é a esposa traída, Geri.
Na verdade, o que sinto por ela é uma profunda empatia; uma identificação ao nível mais orgânico e celular possível; uma quase deferência por esta mãe e esposa de quarenta e poucos anos, que trabalha na enfermaria de um hospital, trocando fraldas e roupas de cama de pacientes terminais. Ela tem uma rotina tão atarefada que só percebe os sinais do tempo (“pés de galinha ao redor dos olhos e asas de morcego embaixo dos braços”) e da traição no casamento, depois que o tango já tinha começado e os três dançarinos estavam no meio da música.

Mas, pelo tom do livro, duvido muito que esta dança mergulhada na tristeza apaixonada do Rio da Plata seja a trilha sonora apropriada para este triângulo irlandês. Clare Dowling parece ter a habilidade de colocar em palavras o espírito celta que ainda domina a Irlanda atual.
Assim, esqueçam Carlos Gardel e suas cabezas.
Este romance vai acabar em sapateado e gaita de foles, com Lord of the dance de Riverdance tocando ao fundo.


Para saber mais sobre a autora irlandesa e a dança folclórica de seu país, visite os sites:
http://www.claredowling.co.uk/
http://www.youtube.com/watch?v=tpG6S_iF3x8

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O efe de cada dia

Sei que às vezes reclamo da choradeira que a minha Pequena tem feito ultimamente, mas devo agradecer a todos os deuses indianos por não ser pior, pois nunca chorei tanto na vida do que no período em que a esperava.


No primeiro trimestre da gravidez, era por causa dos problemas físicos que a surpresa tinha trazido. Ainda que o pai da futura criança estivesse vivendo no mesmo país, eu morava completamente sozinha em Bangalore e a quatro andares do chão. O que, no início, parecia ter sido uma ótima ideia para manter minha privacidade, acabou se tornando um suplício à medida que o tempo passava, a barriga crescia e eu precisava me arrastar escada acima com sacolas de compras, até chegar sem fôlego no meu apartamento. Isso sem mencionar os exames pré-natais que tive de fazer por conta própria, chacoalhando em auto-rickshaws durante os meses de calor infernal no sul da Índia.

Depois veio a decisão de casar em segredo, o que transformou nossas vidas num verdadeiro calvário bíblico. Tudo o que poderia acontecer para dificultar, atrapalhar e retardar o ato religioso, de fato aconteceu. Parecia que tínhamos que provar (financeiramente) a todo o mundo que realmente queríamos ficar juntos. E acabamos gastando mais dinheiro com propinas para azeitar as engrenagens da burocracia corrupta de Nova Déli do que com a cerimônia propriamente dita. Foram outros três meses de angústia e muitas lágrimas. Cheguei a mencionar que fui despejada dias antes de deixar Bangalore?

Mas o pior ainda estava guardado e embrulhado com as fitas coloridas do Diwali do ano anterior. Quando os pais do já casado indiano decidiram, sem muita alternativa, aceitar nossa união, meu pesadelo psicológico estava prestes a iniciar.

Duas semanas vivendo na casa dos sogros e conhecendo todos os familiares do meu marido. Quatorze dias tocando os pés dos mais velhos e hierarquicamente superiores a mim na família. Trezentas e trinta e seis horas vestindo kurtis largos para esconder a barriga já evidente. Vinte mil, cento e sessenta minutos ouvindo sobre os deveres e as responsabilidades de uma mulher punjabi. Um milhão, duzentos e nove mil e seiscentos segundos me arrependendo de ter mudado de religião, de nome, de identidade.

Ainda tinha minha passagem só de volta para o Brasil, mas sabia que era tarde demais. Qualquer que fosse a minha decisão depois do parto, machucaria profundamente uma (eu mesma) ou mais pessoas.

Por isso, meu terceiro e último trimestre como grávida foi o mais traumático em termos emocionais. Eu só chorava e aumentava de tamanho e chorava e brigava com a pessoa que me acolheu e mais se preparou para receber a minha filha: a minha mãe.

Eu estava tão perturbada que precisei procurar ajuda profissional.
Foi outro erro.
Nunca, jamais e em hipótese alguma, uma mulher naquele estado psicológico e com trinta e poucas semanas de gravidez deveria fazer terapia e dividir seus sonhos com uma especialista junguiana. Foi como acender um fósforo num posto de gasolina! E o incêndio só pôde ser contido graças a uma maravilha da ciência farmacêutica; a felicidade em comprimido: o anti-depressivo.

Minha vida mudou.

Meu código postal e meus planos para o futuro imediato também. No momento, não moro na Índia com meus sogros e meu cunhado; não tenho que visitar o sem-número de familiares do meu marido; não preciso baixar a cabeça em respeito a ninguém, nem disfarçar a barriga; mas minha religião, meu nome e minha identidade não são mais os mesmos. E as chances de um dia voltar ao país onde tudo isso começou continuam tangíveis e palpáveis, muito mais reais que a dose de 20mg de felicidade que tomo diariamente para não iniciar outro incêndio.
E para manter a paciência quando a minha filha tem um de seus acessos de choro.
É a vez dela.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Foi por pouco

Foram quase 100 horas. Noventa e seis, pra ser mais exata.

Este foi o tempo que estive no mundo editorial como tradutora.

Quatro estimulantes dias de conversas telefônicas internacionais, transferência de dados bancários e de arquivos por FTP, além de muita pesquisa na internet.
Já podia até ver meu nome e sobrenomes de solteira (que mantive) e casada impressos na obra delegada.
Cheguei inclusive a encomendar a versão inglesa, mas nem tive a oportunidade de sentir o cheirinho de papel saído do prelo, quando recebi o balde de água geladíssima no corpo inteiro.
O prazo que eu havia estimado para entregar o livro traduzido era inviável para a editora.

A alegria teve, assim, vida curta e só me resta agora esperar pela fatura da companhia de cartão de crédito e pela sorte baterem (novamente) à minha porta.
Apenas o sentimento de tristeza foi imediato.
E fiquei tão desanimada que pensei em sair na chuva que caía desde a madrugada, procurar uma poça na rua bem grande e me afogar nela, ali mesmo. 

Era preciso enterder, bem depressa, o porquê da melancolia...

Eu simplesmente não podia mergulhar neste projeto e esquecer a minha vida, a minha filha, meu marido e todos os afazeres domésticos dos quais tomo conta sozinha.

Mas também não posso me tornar a imagem e semelhança da minha sogra, uma mulher que inspira, no mínimo, pena e que transpira muita frustração. Uma jovem sonhadora que, assim como eu, frequentou uma faculdade e, provavelmente, lia, escrevia e falava inglês com fluência. Uma mãe que, alegadamente em nome da família, desistiu de tudo o que estava além das paredes ar-condicionadas de sua casa em Nova Déli. Um (quase) vegetal, sem cuidados especiais, que escolheu murchar, lenta e dolorosamente, na frente da televisão assistindo ao seu programa religioso diário.

Fiquei triste porque, tanto eu quanto minha menina, vemos, com muita frequência do outro lado da tela do computador, o vulto do que outrora deve ter sido uma pessoa cheia de vida. Uma sombra esquálida e despenteada, com olheiras profundas, sobrancelhas abatidas e um olhar terminal.
Fiquei triste porque ainda não foi desta vez que pude mostrar um modelo diferente pra minha filha: o de uma mulher e mãe não tão jovem, mas que também é uma profissional com realizações e projetos. Ou seja, um ser vivo do sexo feminino respirando feliz.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Just a yellow lemon tree

No vigésimo quinto dia do sétimo mês do ano de mil novecentos e setenta e cinco, nascia um pé de limão no meio de um laranjal.


Durante muito tempo, desde o instante em que percebeu a diferença, este limoeiro de porte médio tentou se igualar às demais árvores do pomar e produzir frutos tão doces e alaranjados quanto aqueles que maturavam ao seu redor.

Chegou próximo da forma e da cor dourada das laranjas, mas, por mais que tentasse, não conseguia pôr fim ao azedume natural dos seus limões. E, mesmo sendo rejeitado pelos consumidores e terminando seus dias de comestibilidade na lixeira dos estabelecimentos comerciais, seu produto continuava sendo colhido e vendido como mais uma espécie da família das rutáceas.

Por anos...

Até que, de tanto fingir ser o que não era, o solitário limoeiro perdeu suas características intrínsecas e o interesse do proprietário do pomar, e acabou virando madeira para a indústria de papel.

Das 50 resmas produzidas com sua polpa de baixíssima qualidade, algumas foram exportadas e uma foi parar num jardim de infância além-mar, onde uma menina de imensos olhos castanho-esverdeados ensaiava seus primeiros rabiscos com sua ainda desajeitada mão esquerda.

E quando a professora lhe perguntou o que desenhava, ela levantou a cabeça e disse com sua voz infantil:
- Just a yellow lemon tree.


Para escutar a canção que inspirou esta estória, visite o site:
http://www.youtube.com/watch?v=P-a9mzEeqfk&feature=fvst

sexta-feira, 9 de julho de 2010

I’m every woman

A lista é comprida.

Já fui aluna e já ensinei português para estrangeiros; já servi mesas e já servi refugiados da Cruz Vermelha; já cuidei de crianças e já empurrei gente idosa em cadeira de rodas; já quebrei parede e já colhi espinafre numa fazenda auto-sustentável; já fiz faxina e já lavei pratos pra sobreviver no exterior; já raspei a cabeça e vivi um mês num mosteiro e até já fui homem numa festa à fantasia...

Já fui várias mulheres. Hoje sou filha e também sou mãe.

E a mãe de uma criança grande o bastante para não poder mais ser carregada por muito tempo, mas ainda pequena pra caminhar. Em outras palavras, para irmos até a esquina com a nossa menina, tenho que preparar uma mala pra ela com, pelo menos, uma muda de roupa e um casaquinho (no caso da temperatura cair), meia dúzia de fraldas, lencinhos úmidos, creme contra assaduras, trocador portátil, leite em pó, água fervida e filtrada, duas mamadeiras limpas, chupeta pra acalmar a ferinha e todos os brinquedos que pudermos carregar para entretê-la fora do colo. E, quando planejamos uma atividade em família mais longa ou um passeio mais distante do nosso vilarejo, ainda levamos conosco o assento de bebê para carro e o super-Hulk-carrinho-verde, equipado com mesa e uma monstruosa cobertura plástica contra chuva e vento. Às vezes, não dá nem vontade de sair de casa...

Mas ela precisa conviver com outras pessoas além dos pais e, assim, aceitamos com prazer o convite inusitado de participar de um casamento muçulmano transmitido pela Internet (já que os pais da noiva e do noivo estavam no Paquistão e na Índia, respectivamente, e eles, na Inglaterra).

Chegamos um pouco atrasados pra cerimônia porque foi difícil encontrar um presente de última hora, mas tivemos uma tarde muito agradável com os outros convidados, na sua maioria homens indianos de diferentes partes do Sub-continente.

E foi com eles que descobri que agora, depois de casada, também sou bhabhi, a cunhada. De todo o mundo, mesmo sem nem um parentesco com o meu marido! Parece ser uma tradição entre os bons amigos de se tratar como irmãos. O perigo é que, igualmente comum na cultura hindu, é considerar a cunhada como meia esposa!

Posso ter sido todas as mulheres; mas não vou ser a mulher de todos.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mãe com "m" pequeno

Melanie se tornou Klein em 1903, aos 21 anos. Mas seu casamento com Arthur não conseguiu apagar uma infância marcada por perdas ou afastar a presença materna opressiva e tirânica. Nem mesmo quando ela teve os próprios filhos.


Talvez, na intimidade daquela família austro-judaica cheia de problemas, a pequena Melanie tenha sentido na pele o que chamaria mais tarde de “o seio bom e o seio mau” da mãe. Ou seja, do difícil e incoerente exercício da maternidade.

Se antes eu apenas apontava dedos acusatórios, agora preciso de anos de análise para embotar meu sentimento de culpa em relação à minha filha. Desde as primeiras semanas de gravidez, eu já carregava (não apenas no ventre, mas também nos ombros) quilos extras pelas minhas faltas deliberadas contra aquele feto em formação. Eu parei com o consumo de bebidas alcoólicas e comecei a tomar suplementos de ácido fólico, ferro e cálcio, mas não consegui abrir mão da minha xícara diária de café instantâneo. E o risco de um bebê abaixo do peso não saía da minha cabeça...

Depois foi o parto. Sem a maturidade emocional para dar à luz da forma que a natureza planejou, optei pela cesariana. Não tenho remorsos quanto a isso. Foi a melhor escolha pra mim na época e, se a minha Pequena veio sem dor, ela deixou comigo uma cicatriz de sua chegada ao mundo. Para sempre.

A amamentação, no entanto, foi um golpe. Ela até que tentou mamar e eu até que estava cheia de boas intenções, mas quando o leite empedrou e eu me vi perto de uma mastite, fui desistindo desta outra função materna, com um aperto no coração e mais um pouco de culpa.

Mal sabia eu que o pior ainda estava por vir: o NÃO assertivo, categórico e definitivo, sem meio-termo ou negociações. "Não pode comer isso; não pode tocar naquilo; não pode fazer um monte de coisas."

Chegou a hora de tentar dar o peito novamente pra minha filha. Desta vez, o mau. E com ele, todo o pacote para educar uma criança: palmadas, castigos, punições, olhares de reprovação...
Temo mais um fracasso redundante no desempenho da maternidade, porque não consigo deixá-la chorando sozinha no berço, mesmo sabendo que é pura manha e que ela só quer atenção.
Sou igualmente incapaz de pronunciar o tal NÃO contundente ou de permanecer séria depois de mandá-la ficar quieta.

Nem o bom nem o mau parecem funcionar da maneira que Melanie descreveu em sua teoria. Não sou klein, mas os seios pequenos se devem a uma mamoplastia redutora feita dez anos atrás, diminuindo, também, o "m" do meu mãe.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Live from Kidlington!

Meu marido trabalha em IT e vive, constantemente, sob pressão.

Por isso, quando chega em casa, raramente pergunta como foi o meu dia. Duvido que ele note se estou vestida ou não depois de 10 longas horas no escritório...

Mas é compreensível. Como mãe-esposa-e-dona-de-casa, minhas tensões diárias se restringem a ter forças para deixar a cama cedo e fazer o café-da-manhã, não salgar o almoço, não queimar a janta e não esquecer de cortar as unhas afiadas da minha filha, uma vez por semana.

Outro dia, estava ansiosa em dividir com meu marido uma proeza extraordinária, ocorrida momentos antes: o incrível feito de ter matado duas moscas-varejeiras sem ter sujado as paredes branquíssimas da casa que alugamos. Quem consegue fazer isso? Não é fácil!

Silêncio, nenhuma reação. Acho que ele nem escutou o que havia dito...

Às vezes, parece que meus dias se tornaram apenas uma sucessão de horas com luz e escuridão, sem um único acontecimento digno de ser mencionado.

Mas não na manhã fria e chuvosa desta sexta-feira, 2 de julho de 2010.

Malcom Boyden, meu apresentador favorito da BBC de Oxford, estava transmitindo seu programa “Breakfast Show” ao vivo de Kidlington!!!

Numa manhã qualquer, já teria sido difícil sair de uma cama quentinha naquele tempo, quanto mais de casa. Mas era Malcom Boyden em pessoa (minha verdadeira motivação para levantar diariamente às 7). Então, lá fomos nós três, de carro e debaixo de uma garoa fina, apertar a mão da voz que me faz companhia desde que sintonizei na FM 95.2 pela primeira vez, quase 5 meses atrás.

Meu coração disparou e quase tive uma parada cardíaca ali mesmo, quando Malcom Boyden nos acenou sorridente, se aproximou do nosso veículo ultrajantemente velho e conversou com a gente, no ar e para toda a Oxfordshire!

Quem precisa de moscas-varejeiras agora, hein?
Tenho assunto pra contar e fotos pra mostrar para as próximas três gerações da família!

Para escutar nossa brevíssima aparição no show, visite o site abaixo e arraste o cursor até 1:48:24:
http://www.bbc.co.uk/iplayer/episode/p008jvkw/Malcolm_Boyden_02_07_2010/