quinta-feira, 17 de junho de 2010

Alerta Verde: escatologia a caminho!

Era o primeiro período do meu primeiro dia na escola (particular) nova. Eu tinha 12 anos e uma baixíssima auto-estima por causa do excesso de peso.


À frente, a também fora de forma professora de português se apresentava aos alunos e dava sua primeira lição de autoridade, deixando claro que ninguém teria permissão de causar distúrbios na sala de aula com conversas paralelas ou de interromper suas explicações com pedidos (inúteis) pra ir ao banheiro.

Para alguém como eu, que pulava o muro da escola pública a fim de evitar quase uma hora de educação física, aquelas palavras, proferidas de dentro de um frio e cinzento colégio misto de freiras, soavam como uma sentença de morte à minha recém-descoberta rebeldia adolescente. Sem amigas ou parceiras de crime, a única alternativa era a obediência.

Mas quem disse que o meu intestino queria cooperar?

Duas ou três semanas depois daquela exposição explícita de autoritarismo, ele mostrou que não obedeceria a ninguém sem uma luta, nem mesmo a mim. E se pôs a funcionar logo nos primeiros minutos dos longos 100 que eu tinha pela frente com a vil e desprezível professora de português.

Foi um suplício angustiante e não lembro ter prestado atenção em nada mais que não fossem meus esfíncteres. A tortura só pareceu ter chegado ao fim, quando o sinal para a próxima matéria tocou e eu pude sair da sala, não correndo, mas a passos de bailarina: subindo, descendo, subindo, descendo, subindo e descendo escadas rumo ao único banheiro que eu tinha certeza ter papel higiênico.

Faltava pouco e eu já podia ver a maçaneta da porta... No entanto, a vontade foi mais forte e a natureza deu seu grito de liberdade ali mesmo, a uns cinco ou seis degraus do ponto de chegada.

Terrível. Mas, com o vazio então deixado no meu organismo, consegui achar (e armazenar) coragem pra voltar à sala de aula e, na hora do recreio, pra casa. Difícil mesmo foi ter que ir à escola no dia seguinte (e nos próximos) e temer que, toda a vez que alguém da administração batesse à porta para dar um comunicado, mostrassem a prova da mal-cheirosa infração, descobrissem a minha culpa e me acusassem em público.

Nunca aconteceu, mas foi um trauma que tentei enterrar na minha memória por 7 anos. Até que, aos 19, fui fazer terapia e dividi meu acidente com a psicóloga, que me contou, por sua vez, o dela. Era o alívio que eu não tinha tido na época e a primeira vez que conseguia rir do acontecido... A partir daquele momento, descobri o prazer no ato (um dos meus 5 favoritos hoje em dia) e a escatologia passou a ser meu tópico de preferência numa conversa.

Mas, há pouco mais de sete meses, essa quase obsessão tem sido motivo de desassossego pra mim, pois devo ter me tornado a mãe que mais gosta de trocar as fraldas da filha e já percebi que seu cocô perdeu a inocência inicial e vem saindo com malícia. Só espero não causar um trauma às avessas na minha Pequena e suscitar nela uma constipação rebelde durante a fase anal.

5 comentários:

Anônimo disse...

Quem nunca teve os seus momentos difíceis? Às vezes o corpo não nos obedece!

Anônimo disse...

Nanda!
Ainda bem que tu tinhas 12 anos, eu tinha apenas 6 anos para a mesma ocorrência.
Eunara

Unknown disse...

É, nem sempre o corpo nos obedece!

Anônimo disse...

Incrível como cocô sempre rende comentários, né?
(E atire a primeira pedra quem não possui nenhuma história escatológica pra contar...)

Ana Dos Santos disse...

eu fiz na porta do meu apartamento, NÃO DEU TEMPO, depois de um bacanal de comidas, bebidas e outras delícias, num reveillon há poucos anos atrás...