Há uma guerra no Mundo Subterrâneo.
A típica batalha entre o Bem e o Mal, entre as Rainhas Branca e Vermelha do Maravilhoso mundo de Alice e Tim Burton, que condensou em um filme de pouco mais de 100 minutos os dois livros mais famosos de Lewis Carroll: Alice no País das Maravilhas e Alice no Outro Lado do Espelho. E ainda que tenha usado de muita liberdade artística e abusado dos efeitos especiais para sua adaptação cinematográfica, o diretor californiano manteve a crise de identidade pela qual passa a jovem protagonista como o fio condutor da trama.
Nada mais apropriado para Charles Lutwidge Dodgson (nome real do criador dessa clássica obra do gênero nonsense), que deve ter vivido dilemas existenciais semelhantes ao de sua personagem adolescente. Além de lecionar matemática, ele era escritor e se interessava por mágica, fotografia, jogos de lógica, teatro e ópera. Ou seja, Lewis Carroll parecia transitar pelos mundos racional e da fantasia com muita naturalidade e provavelmente resolveu suas questões pessoais e filosóficas com sua literatura surrealista. Ou com os conselhos da sua sábia lagarta azul, sentada num cogumelo gigante e fumando um cachimbo de narguilé.
Em menos de um ano, caí no buraco do inconsciente e mudei de formas tantas vezes (engordei, emagreci, engravidei, dei à luz) que mal reconheço meus próprios pensamentos. E, assim como a jovem Alice entrando na puberdade, não tenho mais certeza de quem sou, nem se me tornei quem eu não era.
São muitos papéis para interpretar em tão pouco tempo de ensaio e não conto com os conselhos de uma lagarta azul, nem com a ajuda de um cogumelo gigante ou de um cachimbo de narguilé.
Mas recebo, diariamente, a visita de um gato de Cheshire. Na verdade, da gata malhada do vizinho que, todas as manhãs ao atravessar o quintal da minha casa, pára diante da porta envidraçada dos fundos, senta nas patas traseiras e me observa por alguns segundos, enquanto esquento a água para o meu café. E antes de partir para seus afazeres felinos, me deixa com uma mensagem de Lewis Carroll, para eu começar meu dia: “We’re all mad here!”
Para ler o livro de Carroll na íntegra, visite o site:
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/alicep.html
Para ler o livro de Carroll na íntegra, visite o site:
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/alicep.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário