Começou como uma coceira boba perto do calcanhar direito. Umas bolinhas pequenas, com jeito de alergia.
Depois, o comichão se alastrou para a panturrilha e a perna esquerda. E, em poucos dias, os inicialmente inofensivos sinais de alergia tinham se transformado em imensas bolas vermelhas, cobrindo meus membros inferiores até a altura da cintura. Parecia que eu tinha sido picada por um enxame inteiro de mosquitos.
Naquele ponto, a conceira já tinha se tornado insuportável, e ainda vinha acompanhada de ardência, na hora do banho.
Mas não conseguia me lembrar de ter feito nada além do usual. Era o meu terceiro mês na Índia e continuava trabalhando no mesmo escritório empoeirado da FSL, dividindo meu quarto e banheiro com as mesmíssimas 3 outras pessoas e viajando para os projetos em Kundapura (na costa oeste do estado de Karnataka) nos ônibus “Volvo-Deluxe” de sempre...
Ah! Era isso!
Sim... Estava voltando... Ainda vaga.. A lembrança da minha recente volta de Kundapura. Sim... Estava de pés descalços e sem meia no meu assento “sleeper”, mais preocupada com o assédio de possíveis tarados do que com a higiene dos estofados dos bancos reclináveis.
Sim... O pano imundo que servia de cortina (usada em ônibus e trens para dar privacidade e propiciar o sono) estava me incomodando, assim como... Uma coceirinha no calcanhar direito. Damn it! Tinha sido naquela maldita viagem de 9 horas, sacodinho em cada buraco dos 474 quilômetros da estrada entre Bangalore e Kundapura que tinha pegado a tal alergia.
A questão do “onde” já tinha sido exclarecida. Eu precisava, então, descobrir o quê era e como dar fim àquilo. Havia se passado quase dez dias do meu retorno e nem sinal das bolas vermelhas, da coceira ou da ardência darem trégua. Tudo bem que eu não precisa me preocupar em esconder as pernas, já que elas deviam permanecer cobertas na Índia; mas o mal-estar entre as minhas colegas de quarto já era evidente. Eu tinha que vencer minha fobia de hospitais e medicamentos alopáticos produzidos no país e procurar um médico.Ou não. Sentar na sala de espera da emergência de uma clínica em Indira Nagar me deixou com dúvidas. E se eu pegasse outra peraba e saísse dali ainda pior?
Tarde demais... Estava tomando coragem para ir embora, quando ouvi meu nome ser chamado. Damn it!
No consultório do clínico geral (um homem de meia-idade e com feições amigáveis), expliquei a situação e expus o estado dos meus calcanhares. O médico pareceu tão alarmado que foi perguntando onde mais, no corpo, eu apresentava tais sinais, e pedindo que eu os mostrasse...
“Sem problemas”, pensei, com a convicção ingênua de que aqueles profissionais da saúde, em qualquer parte do mundo, eram seres vivos assexuados ou, no mínimo, acostumados a ver o corpo humano, fosse ele feminino ou masculino. Certo?
Bem, talvez nem todos. Fiquei intrigada quando ele começou a me perguntar se também tinha marcas da alergia nos seios e achei, por bem, terminar aquele exame nada ortodoxo por ali mesmo, antes que ele me pedisse para ver algo mais.
Deixei a clínica furiosa, mas praticamente como havia chegado. Com a exceção da receita para comprar SEIS diferentes remédios (incluindo um antibiótico – prática normal na Índia, para tratar qualquer resfriado) e do assutador diagnótico: o que eu tinha não era uma simples alergia ou picadas de mosquito, mas uma combinação de ambas. Eu tinha desenvolvido uma reação alérgica a bedbugs (traças!!!), pegos no super confortável modelo Deluxe dos ônibus da marca Volvo. Damn it!
2 comentários:
como vc resolveu isso? Minha esposa está com um processo alérgico parecido como este mencionado no post, detalhe em casa tem traças... email para contato carlossimao@bol.com.br , obrigado .
Como resolveu esse problema? Estou sofrendo disso tambem, há 3 dias e só aumentam as manchas vermelhas!! Peguei na casa do meu namorado e ja cheguei a pensar que seria coisa pior porque alastrou e estao num aspecto estranho e nao param de coçar! Vi num site que elas mordem, as danadas. Senti uma picadassa/mordidassa no dedao da mao no meio duma praça, dps de ter dormido com as traças - e com meu namorado. Como faço pra passar?
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