Sei que a felicidade depende exclusivamente de nós mesmos, de nossa individual capacidade de encarar as adversidades da vida como obstáculos que atrasam nossa caminhada ou como oportunidades de aprendizagem e de seguir adiante mais fortes e confiantes.
Mas, ao se trocar alianças ou guirlandas de flores, há um comprometimento público, um contrato assinado diante de uma autoridade civil ou religiosa e na frente de testemunhas, uma expectativa mútua de amar e ser amado pelo outro. E ainda que um relacionamento não seja oficializado ou reconhecido legalmente, existe, pelo menos, o desejo íntimo, pessoal e intransferível de compartilhar juntos um determinado momento no tempo e no espaço.
Nunca fui brilhante nas ciências exatas, mas cheguei à conclusão de que essa lógica simplesmente não se aplica às equações indianas. Por mais que faça e refaça a matemática do meu casamento, 2+2 não dá 4, apenas o número 22; apenas dois algarismos numa trajetória paralela e retilínea, com um único ponto em comum e a remotíssima possibilidade de convergirem no infinito.
Talvez fosse mais inteligente esquecer a calculadora quando a questão é menos racional, ainda mais depois que uma recente variável foi adicionada à antiga fórmula, mas não consigo chegar a resultados positivos na nossa nova divisão de responsabilidades.
Sou eu a primeira a acordar e a última a dormir para alimentar nossa filha; a única a se levantar nas madrugadas geladas para checar a temperatura e dar as gotas de remédio, a trocar as fraldas sujas e ouvir seu chorinho de fome e cansaço de manhã, de tarde e à noite; aquela que faz as compras, lava as roupas, limpa a casa e cozinha diariamente, três vezes por dia, sete dias por semana; a que ainda arranja algumas horas remuneradas por mês, para contribuir com um dinheiro extra e não abandonar, completamente, o mercado de trabalho.
E, ao final desta exaustiva e tediosa rotina, ser acusada de egoista por pedir um tempo pra mim mesma diariamente. Afinal das contas, foi ele que trabalhou 10-12 horas pelo sustento da família!
Não é preciso ser um gênio para perceber que há algo de muito errado com a nossa matemática.
Um comentário:
querida, não estás sozinha...
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